Cavalo Branco

Victor Carvalho
3 min readJun 9, 2024

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Lhe conto este belo conto encima de meu White Horse:

Um pedido de desculpa, um rosto lavado pelas mesmas lágrimas que derramei no poço ao lado de sua casa. Você me olha como se eu estivesse a dever algo, minha decisão definitiva. Eu te assustei? Sempre o bom garoto, nunca houve revolta, sempre um devoto a suas vontades. Mesmo com uma faca apontada para mim, eu acreditei em você.

Esperando os dias serem levados pelos ventos, esperando que algum milagre pudesse acontecer, mistérios que encobrem, lendas estão a me envolver. Serei eu o maior estúpido que já andou pela terra? Eu nunca fui e jamais serei aquele a dilatar sua pupila, mas você foi aquele tumor que cresceu e destruiu os dias bons. Por que eu fui o escolhido? Não sou um príncipe e nada aqui seria um conto de fadas, pois pesadelos não se misturam com o sonhar doce de uma criança.

A dor de suas palavras não se compara à dor de minha amarga saudade. Ela não veio com avisos, apenas me destruiu de dentro para fora, me levou à humilhação, me trouxe fome. Fiquei exposto na prateleira para você gratuitamente, um alvo fácil de se manter, algo bom de se ter em momentos de tédio. Me perco em tanto sofrimento, pelo luto do que para você nunca existiu, o especialista em me fazer chorar como um recém-nascido em dor, mas sem conseguir pedir por ajuda. Me absteve sozinho, e você seguiu voando.

Meu erro foi me apaixonar sem olhar a quem. Entreguei meu ser, mas você queria algo maior, correndo atrás de seus sonhos, e eu fiquei perdido para trás. Eu tinha tantas fantasias sobre nós, cavalgando em bosques encantados, em nossos cavalos brancos, belos, mas um final feliz não foi uma opção escolhida por Deus para nós. E meu decreto, minha punição, foi te amar demais, e o seu, bom, nunca há uma verdadeira punição ao real ladrão de corações.

Olha para mim e diz: “Está na hora de fazê-lo sentir o fel do viver.” E para algum tipo de missão devo ter sido mandado a propósito de algo melhor. Por você eu sofri, mas nunca houve um motivo maior a justificar.

Branca poesia

Um pedido de desculpa, rosto lavado em dor,
Lágrimas no poço, reflexo de meu amor.
Você me olha, um débito a cobrar,
Decisão definitiva, fui eu a te assustar?

Sempre o bom garoto, sem revolta ou alarde,
Devoto às vontades, jamais um covarde.
Mesmo com faca apontada, em você acreditei,
Dias ao vento, milagre esperei.

Mistérios encobrem, lendas a envolver,
Serei eu o estúpido, sem saber viver?
Nunca dilatei tua pupila, sem encanto,
Mas você, tumor que destruiu meu canto.

Por que fui escolhido? Não sou um príncipe aqui,
Pesadelos não se misturam com sonhos de um serafim.
Palavras cortantes, dor em minha saudade,
Sem aviso, destruiu-me de verdade.

Humilhação e fome, levou-me a sofrer,
Exposto na prateleira, fácil de ter.
Um alvo de tédio, um brinquedo a quebrar,
Luto pelo que nunca existiu, a chorar.

Especialista em dor, como um recém-nascido,
Sem pedir ajuda, sozinho, perdido.
Você seguiu voando, eu fiquei para trás,
Apaixonei-me sem olhar a quem, perdi a paz.

Entreguei meu ser, você queria mais,
Correndo atrás de sonhos, deixei-me para trás.
Fantasias nossas, bosques encantados,
Cavalos brancos, mas finais não foram selados.

Decreto cruel, amar-te demais foi meu castigo,
E o teu? Sem punição, verdadeiro inimigo.
Diz-me: “Está na hora de sentir o fel,”
Missão destinada, propósito cruel.

Por você sofri, sem razão maior,
Amor sem justificação, dor e pavor.
Nessa jornada, resta a lição:
Nunca há punição ao ladrão de coração.

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