Multiverso melancólico

Victor Carvalho
2 min readJun 5, 2024

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Conto

Crise no multiverso. Enxergo-o dentre as janelas que se abrem em minhas fantasias, tudo prescrito em diários espalhados pelo quarto. Poderia dizer adeus ao meu mundo, um nunca mais à toda minha existência, apenas para encontrar o belo homem que se apresenta em meus sonhos. Um desejo inalcançável. Como você poderia ser meu?

Um grande momento de crise, meus sentimentos tornam-se frequentes e intensos, uma grande instabilidade. Ele já esteve comigo? Consigo reviver essa lembrança.

Desejei um final feliz ao lado de quem mais amei neste mundo, mas essas escolhas nunca estiveram sob meu controle. Meu homem abandonou nossa pequena embarcação ao primeiro sinal de infiltração, e eu não pude mais segurá-lo. Então, me lancei aos tubarões.

Vagamente me lembro de nosso início, mas o som do quebrar do meu amor imaginário fez estremecer toda a vida. O céu se fez cinza em minha homenagem, em minha maior depressão. Recito o amor eternamente em toda minha arte, reflito meu sentimento ousado aos seres da terra e dos mares. Grito aos prantos para um vasto céu que me engole a cada ruir, mas essa queda se manteve de pé.

Nessa realidade, pude perder o meu querer. Mas, em outras, estaria eu feliz contigo?

Pois o mundo eu apagaria, vidas sacrificaria, a mim mesmo me mutilaria, atravessando tudo em meu caminho. Faria tudo cair, como eu caí na década passada, como fui feito de idiota na frente de todos. Mas agora, ergo-me e reescrevo meu conto feliz desta vez.

Poesia

Crise no multiverso, janelas abertas em fantasia,
Diários espalhados, prescrição da agonia.
Adeus ao meu mundo, existência a abandonar,
Para encontrar o belo homem, sonhos a iluminar.
Desejo inalcançável, como pode ser meu?
Um amor além do alcance, que o destino prometeu.

Crise intensa, sentimentos em turbilhão,
Instabilidade grande, coração em erupção.
Ele já esteve comigo? Revivo a lembrança,
De um amor perdido, minha única esperança.

Desejei final feliz ao lado do amado,
Mas escolhas nunca foram de meu agrado.
Ele abandonou nossa embarcação pequena,
Ao primeiro sinal de infiltração, cena terrena.
Lancei-me aos tubarões, desespero a aflorar,
Vagamente lembro do início, amor a quebrar.

O som do amor rompido, vida a estremecer,
O céu se fez cinza, minha dor a reconhecer.
Recito amor eterno em toda arte criada,
Reflito sentimento ousado, terra e mar alcançada.
Grito aos prantos, vasto céu a engolir,
Queda que se mantém, mas insisto em resistir.

Nesta realidade, meu querer perdi,
Mas em outras, contigo feliz eu vivi.
Apagaria o mundo, vidas sacrificaria,
A mim mesmo mutilaria, tudo atravessaria.
Faria tudo cair, como eu caí na década passada,
Feito de idiota, dor escancarada.
Ergo-me agora, conto a reescrever,
Um final feliz, desta vez a viver.

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