Para sempre

Victor Carvalho
3 min readJun 18, 2024

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Conto

Essa juventude que castra todo o prazer, durará como aqueles dias felizes em novembro? Está tudo bem quando nada existe para se desmoronar, mas os sentimentos um dia entregues estão em queda livre, para sempre, desde aquele adeus mal resolvido. De frente ao espelho, de frente a mim mesmo, questiono se tudo isso seria real. Poderia a tamanha dor que cobre montes realmente existir? Será que isso é para sempre?

Estou triste desde a primeira semana do primeiro mês da minha vida. De junho até hoje, mantenho-me triste, sem ver o que há acima de mim, sempre batendo a cabeça em opiniões que não me pertencem. Um ligeiro momento cinza em meu dia, um momento que contamina o viver e me faz querer morrer. Sempre estive assim e nada mudará.

Sentindo-me à beira do precipício, cercado pelo mal que permeia minha vida, mal consigo me lembrar do que costumava ser fiel, gentil e verdadeiro. Sem mais um propósito a seguir, sem mais uma causa para lutar, nada mais faz sentido. Meu maior motivo de viver se esvaiu e já não existe mais. Voltando passo a passo, vendo os tropeços e os males cometidos, paro em minha mente e jamais consigo enxergar novamente. Sou como um cego que não pode mais ver seus fracassos. Estou de fato me protegendo de quem fui? Ou apenas me enganando?

Eu dito, eu sigo, e por cima da estrada mais alta caminho, ditando minha própria emboscada. Nada novo é algo bom, apenas uma distração para os bons planos. E os maus… sou eu.

E então naufraguei. Me afogando, pensei em você. Como em uma curta-metragem de minha existência, contigo o mundo se tornou bom e eu, o senhor sorriso, pude ser feliz mais uma vez, antes do fim da vida.

Tentei recuperar meu fôlego, tentei dar oi a tudo de novo que se apresentava a mim, mas os pensamentos que rogam minha solidão estavam sempre corretos. Pude saber, pude ter a certeza que esses momentos tão eternos e reais iriam prolongar-se eternamente, até quando nada mais restar. Até quando nem mesmo o nada da dor ressoar. E eu, morrendo sozinho a sorrir, por tudo que já foi feito, nada pode ser refeito. Para sempre, um conto de terror, uma floresta que marcou meu suicídio. E assim, a história pode ter um ponto final ali.

Poesia

Essa juventude que castra todo o prazer,
Durará como aqueles dias felizes em novembro, a se perder?
Está tudo bem quando nada existe para desmoronar,
Mas os sentimentos um dia entregues estão em queda livre, a agonizar.

Diante do espelho, de frente a mim mesmo, a indagar,
Será que tudo isso é real? Pode tanta dor abarcar?
Dor que cobre montes, existirá para sempre, a me consumir?
Tristeza desde a primeira semana do primeiro mês, sem fim a se intuir.

De junho até hoje, mantenho-me triste, sem ver o céu acima,
Sempre batendo a cabeça, opiniões que não são minhas a me ferir.
Um momento cinza contamina o viver, desejo de partir,
Sempre estive assim e nada mudará, a vida a extinguir.

À beira do precipício, mal permeia minha vida, a rodear,
Sem lembrança do que era fiel, gentil e verdadeiro a clamar.
Sem propósito, sem causa, nada faz sentido mais,
Meu maior motivo de viver se esvaiu, como sonhos irreais.

Passo a passo, vejo tropeços e males cometidos,
Paro em minha mente, cegueira que oculta fracassos sentidos.
Protegendo-me de quem fui, ou enganando-me?
Eu dito, eu sigo, emboscada a trilhar, sem novo horizonte a ver.

Naufraguei, afogando-me, pensei em você,
Curta-metragem de minha existência, mundo a aquecer.
Senhor sorriso, feliz por um breve momento,
Antes do fim da vida, um último alento.

Tentei recuperar o fôlego, tentei dar oi ao novo,
Mas pensamentos de solidão sempre a rogar.
Momentos eternos, reais, a prolongar,
Até quando nada mais restar, dor a se dissipar.

Morrendo sozinho, a sorrir, por tudo que já foi feito,
Nada pode ser refeito, para sempre um conto de terror.
Floresta que marcou meu suicídio, ponto final a pôr,
Assim, a história se encerra, finda-se o amor.

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